sábado, 20 de fevereiro de 2010

Coisas do Tempo...

Olá, nossa faz tempo que não escrevo nada por aqui talvez seja por que ainda não peguei o gosto de ser Blogueira. Mais hoje resolvi ressaltar algumas coisas que se passou durante esse tempo.

Sempre coloquei aqui coisas de militância em especial as mulheres jovens e direitos humanos. Campanhas, encontros, acontecimentos e por aí foi. Ah e por falar em Militância é um sujeito no qual venho refletindo bastaste. Eu praticamente me crie no movimento social agradeço a ele por ter a mente tão aberta e saber lutar pelos meus direitos.

Ano passado mais ou menos meados de novembro comecei a navegar em pensamentos profundos sobre minha vida de movimento social e percebi que foi e é bom lutar pelos nossos direitos mais as vezes acabamos esquecendo um pouco da gente eu não me arrependo das escolhas que fiz mais me cobro muito que eu poderia ter feito muito mais por mim mesma. Isso eu digo no contexto de ter estudado mais, ter ficado mais com amig@s e também ter aproveitado os almoços de domingo com a família. Eu podia conciliar essa coisas mais acabei dando prioridade apenas para uma que foi a Militância.

Quando estamos em encontros, conferências, palestras é sempre divertido pois, aprendemos, sabemos nos defender e o mais saboroso disso tudo é que fazemos algo de bom pelas pessoas e isso dinheiro nem um compra.

A Militância pra mim é um sujeito que não vai sair assim de uma hora pra outra mais e eu nem quero que saia o que eu quero é aproveitar mais as pessoas que estão ao meu redor em especial o amor, família, amig@s e é claro os estudo.

E bem no més de novembro onde eu tava refletindo sobre ela, fui convidada a dar aulas de Sexualidade na ONG Aprendiz para jovens de um curso chamado Bar tender. Eram jovens de 18 a 25 anos. O curso durou uma semana foi bem interessante nunca tinha pegado uma turma com diversos pensamentos diferentes. Levei cartilha Hip Hop Mulher Conquistando Espaços, CD Hip Hop Mulher Cantam as Realidades e Livro e DVD das Católicas pelo Direito de Decidir sobre Juventude Religião e Ética Sexual. Nas aulas procurei ser a mais aberta possível com el@s disse que a sexualidade estar muito além do ato sexual na qual temos que sempre levar em consideração as doenças, aborto, direitos sexuais e a importância de respeitar o próximo.

Nessas aulas conseguir mostrar pra el@s alguns vídeos que foram:

  1. Minha vida de João: http://www.youtube.com/watch?v=LESrHIGGon8 ;
  2. Sua Homofobia Mata: http://www.youtube.com/watch?v=9t134bvq3Ag ;
  3. Dois pais: http://www.youtube.com/watch?v=oX9y3cn-OVo ;
  4. Os dois da Campanha da Convenção: http://www.youtube.com/watch?v=pP0Ns8DWzJg http:// www.youtube.com/watch?v=UkL6L55lGOA ;
  5. O do Comercial de Portugal: http://www.youtube.com/watch?v=GafppzC2OfE ;
  6. E o trecho do filme Orações para Bob: http://www.youtube.com/watch?v=FYJTQrPbWAo .

Não tinha o costume de trabalhar com vídeos mais gostei muito por que através de imagem as pessoas compreendem bastante.

Com tudo isso apesar de estar querendo um tempo pra cuidar mais de mim eu me sinto muto feliz com as coisas que a militância me deu, a sabedoria é fundamental.

Em dezembro conseguimos com muito amor e dedicação fazer o livro do FORITO (Mulheres Jovens e Politicas do cone Sul). Ficamos três dias em Parelheiros uma cidade de SP e foi maravilhoso estar juntos das amigas, conversamos muito e sentir o calor humano foi melhor ainda. Quem quiser o livro é só me perguntar que digo como.

Agora que o ano já começou estou correndo atrás das coisas que quero fazer vou me dedicar um pouco menos para os movimentos sociais mais estarei sempre pronta na luta de direitos humanos.


Beijos e Abraços: Roseane

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sociedade civil se mobiliza contra concordata Brasil-Vaticano


A defesa da laicidade do Estado brasileiro e o repúdio ao chamado Estatuto
Jurídico da Igreja Católica no Brasil - a concordata Brasil-Vaticano -
reunirá na próxima semana, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp),
representantes de grupos organizados de ateus, magistrados, umbandistas,
evangélicos e homossexuais, entre outros, para uma manifestação conjunta.

A Associação Brasileira de Defesa da Laicidade do Estado (Abradel) e a
Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), em conjunto com a
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a ABGLT, as Católicas pelo
Direito de Decidir e outras organizações convidam a imprensa para ume
entrevista coletiva no próximo dia 23, na Alesp, a partir das 15 horas, para
tratar da ameaça que o acordo representa a princípios consagrados na
Constituição, como a separação entre as religiões e o Estado.

Aprovada pelo Senado na última semana, a concordata aguada apenas
promulgação para entrar em vigor. Antes das votações no Congresso, a AMB
havia emitido nota condenando o acordo, classificando- o como "grave
retrocesso ao exercício das liberdades e à efetividade da pluralidade
enquanto princípio fundamental do Estado". O presidente da associação,
Mozart Valadares, já levantou a hipótese de apresentação, no STF, de uma
Ação Direta de Inconstitucionalida de contra a concordata.

Além de privilegiar a Igreja Católica, selecionando- a, entre todos os
demais credos (ou da ausência de crença) para ser objeto de um acordo com o
Estado brasileiro, a concordata estabelece ensino religioso confessional em
escolas públicas, uso de dinheiro público na manutenção de bens de
propriedade da Igreja Católica e interferência de princípios religiosos em
questões trabalhistas e matrimoniais.

O QUÊ:

Coletiva sobre a concordata Brasil-Vaticano

QUEM:

Ação Educativa, Associação Brasileira de Antropologia, Associação Brasileira
de Ateus e Agnósticos, Associação Brasileira de Defesa da Laicidade do
Estado, Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e
Transexuais, Associação Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania,
Associação Brasileira de Templos de Umbanda, Associação dos Magistrados
Brasileiros, Associação dos Pastores Evangélicos do Piauí, Católicas pelo
Direito de Decidir, Conselho Regional de Assistentes Sociais/SP, Fórum
Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente -SP, Sindicato
dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Superior Órgão de
Umbanda de SP e outros.

QUANDO:

Sexta-feira, 23 de outubro, a partir das 15h

ONDE:

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - Espaço Tiradentes

CONTATO:

Daniel Sottomaior, presidente da Abradel
(11) 9388-4746

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Campanha 28 de Setembro pela Despenalização do Aborto na América Latina e Caribe

Porto Alegre, 16 de setembro de 2009.

Chega de violações dos nossos direitos” é a chamada da Campanha 28 de Setembro - Dia pela Despenalização do Aborto na América Latina e Caribe. A campanha é impulsionada pela coordenação regional sediada na Nicarágua e apoiada pela Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe – RSMLAC e pela Rede Feminista de Saúde. Nessa quarta-feira, 15, a coordenação encaminhou o Manifesto de 2009. O documento traz um conjunto de avanços, ameaças e retrocessos quanto ao direito à interrupção voluntária da gravidez na região, mostrando que os Estados na maioria dos casos não vêm assumindo o compromisso de garantir a possibilidade das mulheres exercerem sua sexualidade e reprodução com autonomia. E denuncia que setores conservadores continuam agindo livremente, com a conivência de muitos governos, para impedir o acesso de adolescentes, jovens e mulheres adultas à educação sexual, a todos os métodos contraceptivos e ao aborto seguro. No Brasil esta campanha é coordenada pela Rede Feminista de Saúde, sendo sediada no Instituto Mulheres pela Atenção Integral à Saúde – IMAIS, em Salvador, Bahia.

Abaixo a íntegra do Manifesto da Campanha:

Campanha 28 de Setembro pela Despenalização do Aborto na América Latina e Caribe

Ponto Focal Brasil – IMAIS/Rede Feminista de Saúde


Luzes e sombras em 2008 - 2009

Milhões de mulheres em todo o mundo continuam a sofrer graves lesões e traumas, e mais de 66.000 morrem a cada ano em abortos inseguros, outras são criminalizadas ou presas.

A América Latina e Caribe é o cenário de mudanças importantes no campo dos direitos humanos, com especial atenção aos direitos sexuais e direitos reprodutivos, que estão sendo promovidos principalmente por organizações feministas da região.Compartilhamos os esforços que as mulheres e associações da sociedade civil em cada país realizam visando tornar definitivos os avanços em direitos já reconhecidos.Ao mesmo tempo denunciamos RETROCESSOS em nossa região, consequência da pressão de grupos religiosos fundamentalistas e da complacência da maioria dos governos que se curvam à Igreja Católica e lideranças evangélicas, ignorando os mandatos constitucionais e sua própria cidadania.

Tomando em conta o Chamado à Ação da Campanha 28 de Setembro de 2008, observamos que no último ano:

Houve iniciativas de reforma legal para mudar as legislações nacionais a fim de incorporar novas razões e novos prazos para permitir abortos não puníves: Argentina. Ao mesmo tempo, estas iniciativas tem sido obstaculizadas, suspensas ou suprimidas, sob o argumento da defesa da vida do nascituro, à qual é dada a supremacia em relação às mulheres.A mudança nos códigos penais e constituições nacionais tem sido aproveitada pelos setores mais reacionários para proibir o aborto não punível, ou ameaçar com mudanças na legislação para mais restritiva: Nicarágua. Também se pretende estender as proibições à fertilização in vitro, pílulas anticoncepcionais de emergência e "consagrar" a proteção do direito à vida desde a concepção até a morte natural: República Dominicana.Algumas adolescentes com deficiência, grávidas em razão de estupros, têm sido autorizadas a interromper da gravidez. No entanto, na maioria dos casos, a autorização foi recusada ou adiada, para que se tornasse impraticável.Juízes e juizas têm aprovado a interrupção da gravidez em casos de extrema necessidade, argumentando em favor dos direitos adquiridos pelas mulheres. Em vários casos, outros negaram os pedidos, mas têm enfrentado processos por prevaricação e violação de direitos, até por desconhecimento da legislação em vigor: Argentina.Médicas e médicos têm demandado o Congresso a legislar positivamente para não se sentir impotentes ou ameaçados quando fazem um aborto não punível. Outros foram perseguidos por se recusar a realizar um aborto terapêutico no caso de extrema necessidade.Em alguns lugares os tribunais ratificaram o direito de profissionais de saúde que atendem mulheres por complicações abortos inseguros a não notificar obrigatoriamente as autoridades, protegidos pelo sigilo profissional. Outros/as violaram os direitos daquelas que foram ao seu consultório, interrogando e acusando as mulheres como criminosas: Nicarágua.Protocolos para atendimento ao aborto não punível e padrões de cuidados de emergência para reduzir as complicações de abortos inseguros foram aprovados. Ao mesmo tempo, a redução dos orçamentos de saúde e as muitas deficiências dos sistemas públicos, permite que amplo abuso e discriminação de mulheres atendidas por aborto.Milhares de mulheres da região têm apoiado campanhas nacionais e continuaram a exigir o direito ao aborto legal, seguro e gratuito, a ampliação de prazos e motivos para a interrupção da gravidez, a não judicialização dos serviços médicos, muitos dos quais fazem interpretações restritivas e põem dificuldades e barreiras não previstas pela legislação.A maioria dos países da região assinou a Declaração Ministerial da Cidade do México "Prevenir através da educação", um compromisso de implementar políticas e programas de educação sexual. Enquanto isso, os legisladores em vários países centro-americanos assinaram o livro "Sim à Vida", que visa criar uma opinião pública sobre a proteção da vida do nascituro; apesar de ser uma iniciativa dos chamados grupos pró-vida, legisladores de esquerda também o assinaram, como em El Salvador.Por grande maioria, a Suprema Corte de Justiça do México declarou a constitucionalidade da legislação que permite a interrupção legal da gravidez na Cidade do México desde abril de 2007. Dessa maneira ficaram sem efeito as demandas dos grupos pró-vida.Comitês de Bioética na região elaboraram argumentos para sustentar a tese da interrupção da gravidez nos serviços públicos. Enquanto em outros países, esses comitês têm servido para promover a posição fundamentalista contra os direitos das mulheres, fazendo com que o setor médico fique paralisado.A ONU aceitou petições de organizações de mulheres e emitiu resoluções que responsabiliziam os Estados por negar o acesso ao aborto não punível como uma violação dos direitos humanos. Em outros casos, o tempo para responder às alegações expirou sem chegar a uma resolução de alto nível.Altas instâncias judiciais têm se pronunciado em favor da distribuição da pílula anticonceptiva de emergência, como o Conselho de Estado na Colômbia. No entanto, outras altas autoridades consideraram que o medicamento é abortivo e, portanto, o proibiram: Tribunal Constitucional do Chile, Câmara Civil e Comercial de Córdoba, Argentina.A Anistia Internacional se manifestou contra a perseguição política das líderes feministas que denunciaram a eliminação do aborto terapêutico na Nicarágua e sobre a proibição do uso da pílula contraceptiva de emergência no Chile, pois afetaria a taxa de abortos clandestinos o número de mortes causadas por abortos.A aprovação do aborto não punível por prazos e causalidades como no México e na Colômbia permitiu que milhares de mulheres conseguissem ser atendidas no sistema público. Ao mesmo tempo, foi necessário que as organizações feministas se esforçassem arduamente para garantir o acesso das mulheres a esses serviços, devido às múltiplas barreiras que o próprio sistema público coloca.Audiências Públicas foram palco onde as mulheres feministas da região tiveram a oportunidade de exercer a defesa do direito do aborto, ao aborto em situações extremas, da dignidade e o respeito pelos direitos fundamentais das mulheres, a liberdade de consciência e o respeito o Estado laico: Brasil e México.Um projeto de Tratado Jurídico (Concordata) entre o Governo e o Vaticano enviado pelo Presidente do Brasil foi aprovada pela Câmara dos Deputados e enviado ao Senado para conceder privilégios à Igreja Católica. Enquanto isso, mais de mil mulheres de Mato Grosso do Sul estão sendo vitimados pela criminalização do aborto, pois a polícia apreendeu os registros médicos, as interrogou e iniciou processo penal de caráter massivo por terem sido tratadas em clínica privada, há vários anos. Essas mulheres têm negociado penas, em troca de serviços gratuitos em creches, para que “aprendam a ser mães”.O Senado e a Câmara dos Deputados do Uruguai aprovaram projeto de lei de Defesa da Saúde Sexual e Reprodutiva, no entanto, a sessão da Assembléia Geral do Parlamento não levantou o veto imposto pelo Executivo ao projeto, evidenciando a falta de respeito com os aos cidadãos, que rejeitaram o veto presidencial em 63%.Em países onde o Estado laico é um mandato constitucional, cardeais, bispos e líderes evangélicos continuam a pressão e ameaçam excomungar os líderes políticos que legislam em favor das mulheres: Uruguai e Nicarágua.Na América Latina, entre 20% e 30% das gestações e de óbitos maternos continuam ocorrendo em mulheres adolescentes, resultado das deficiências da educação sexual nas instituições formais, a sua falta de autonomia para evitar o sexo sem risco e violência sexual: Nicarágua, Bolívia, Venezuela.Pela primeira vez na sua história, a Anistia Internacional publica uma declaração especial e lança uma campanha internacional que denuncia a proibição total do aborto na Nicarágua, com ênfase sobre a vida e a saúde das mulheres em situação de risco e exigindo proteção para profissionais de medicina que estão sendo criminalizados.

Chamado à Ação

Chega de violações aos nossos direitos

· Para que seja efetiva a separação das decisões de estado de toda a influência religiosa é essencial um Estado Laico.

· Para a eliminação de todas as formas de discriminação, é urgente a respeitar a vigência dos direitos sexuais e direitos reprodutivos de todas as pessoas.

· Devido à irresponsabilidade masculina, causa básica da maioria das gestações não planejadas, os homens devem assumir o compromisso cidadãos quanto à sua sexualidade e reprodução.

· Pelo acesso universal aos serviços de saúde sexual e saúde reprodutiva integral, assim como à mais ampla variedade de métodos contraceptivos seguros.

· Pelo acesso a serviços de saúde de qualidade e ao aborto legal e seguro legal, como condição necessária para reduzir a mortalidade e morbidade materna.

· Pela existência de políticas integrais não assistencialistas para reduzir a mortalidade e morbidade, orientadas pelos direitos humanos.

· Pelo reconhecimento de adolescentes e jovens como sujeitos de direitos, para que tenham oportunidades que lhes permitam tomar decisões livres, responsáveis e informadas.

· Pela garantia do livre exercício da sexualidade, o acesso à educação sexual, informação e acesso à contracepção segura para adolescentes e jovens.

· Pela a erradicação de todas as formas de violência contra as mulheres, contemplando a relação de violência sexual e HIV/Aids e acesso ao aborto voluntário nestas situações.

· Pelo fim às ameaças de líderes religiosos contra funcionários e funcionárias públicas .

· Pela erradicação da obediência religiosa dos legisladores e dos legisladoras, juízes e políticos.

· Pelo direito à informação e aos meios para evitar a gravidez indesejada e acesso à atenção adequada ou tratamento para preveni-los.

· Pela difusão de tecnologias para o aborto seguro para salvar as vidas das mulheres.

· Pelo compromisso dos governos e doadores para que disponham de mais recursos para garantir assistência integral à saúde sexual e reprodutiva, incluindo contracepção e aborto seguro.

· Pela permanente formação médica para o atendimento ao aborto, incluindo enfermeiros, parteiras e outro pessoal de saúde.

· Pela a manutenção do sigilo profissional em relação às mulheres tratadas por complicações do aborto inseguro nos serviços públicos e privados.

· Por uma sociedade que não se cale frente aos abusos contra a liberdade de escolha das mulheres.

· Pelo direito de decidir, pela democracia, liberdade e justiça social e pelos direitos humanos de todas as mulheres.

América Latina e Caribe, 28 de Setembro de 2009

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Lançada a Campanha Educativa para o mês da Diversidade Sexual de SP

Católicas pelo Direito de Decidir, APOGLBT, grupo CORSA e LBL acabam de lançar a campanha educativa para o mês de orgulho LGBTT de 2009. Mais uma vez, teremos banners gigantes (2,5 m de altura!) que estarão na Av. Paulista durante a 7a. Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de SP e a 13a. Parada de Orgulho LGBTT de SP. Também serão produzidos e distribuídos 10 mil postais, que estarão disponíveis a partir de 15/06 em bares, casas noturnas, centros culturais, cinemas e outros estabelecimentos comerciais considerados GLS, sendo cinco mil deles com o tema da Caminhada de Lésbicas e cinco mil com o tema da Parada LGBTT.
Para realizar a campanha deste ano, contamos com a colaboração da antropóloga Regina Facchini (PAGU/Unicamp), que ajudou a criar a concepção geral e as frases, do fotógrafo e designer Márcio Dantas e com os/as modelos que gentilmente posaram para as fotos: Lívia & Verônica, Rose & Tiely, Dhory & Dayana e Alisson & Rodrigo. Ao mesmo tempo em que buscamos afirmar a importância e o valor da diversidade, procurando desconstruir a intolerância de um único modelo e o autoritarismo de uma verdade absoluta - características dos fundamentalismos religiosos -, também queríamos assinalar positivamente marcadores sociais de diferença, como cor/raça, gênero, e geração, hoje fatores estigmatizantes. Para isso, criamos o slogan:
Cores, formas, idades, sexos, sexualidadesDeus fez e ama a diversidade
Por meio dos postais, fizemos ao mesmo tempo uma campanha afirmativa, com o slogan acima e belas imagens, e também reivindicativa, com o verso mostrando os problemas enfrentados pelas pessoas LGBTT, com um slogan mais agressivo. Nos postais da Parada, o slogan do verso é:
Chega de homofobiaIgualdade todo dia
Na outra versão, apresentamos no verso os slogans da própria Caminhada:
Não se cale, ser lésbica é um direitoNão á violência contra a mulherPor um mundo feminista!
Por meio das imagens, a intenção é desconstruir padrões de beleza e de perfeição impostos socialmente, buscando valorizar a beleza da diversidade, do cotidiano e das pessoas comuns. O objetivo inicial era evidenciar a beleza e a importãncia de pessoas idosas, de pessoas negras, de casais inter-raciais, pessoas com deficiência, etc . Não foi possível obter todas as imagens que gostaríamos de apresentar, especialmente por falta de modelos para as fotos, mas, ainda que com menos imagens do que havia sido planejado, foi possível avançar neste sentido, pois pudemos trazer casais diversos, pessoa trans e com deficiência.Por fim, neste ano também, de forma ousada o trabalho incluiu a imagem de um homem transexual (Dhory) em relação de afeto, já que o direito de amar e ser amado/a é uma luta das pessoas trans na qual nos engajamos com força. Mostrando que todas/os têm direito à credibilidade, dignidade, confiança, afeto, amor, a uma vida livre de preconceito, sem humilhação e violência, a campanha pretende, de alguma forma, tocar corações e mentes e contribuir para promover a cidadania de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

No final de abril, uma série de denúncias atingiu o presidente Fernando Lugo, do Paraguai, e foram de tal ordem que já causariam grande prejuízo à imagem de qualquer governante. No caso de Lugo, entretanto, elas ultrapassaram os limites do escandaloso, por ser o presidente paraguaio um ex-bispo da Igreja católica. Tais denúncias referem-se à descoberta de que Lugo é pai de várias crianças, filhos/as de mães diferentes, todos/as engendrados/as quando ainda era um eminente membro da hierarquia católica paraguaia. Alguns detalhes das denúncias revelam ainda comportamentos que beiram o escárnio: um dos filhos assumidos por Lugo foi batizado com o nome de Juan Pablo, uma "singela" homenagem ao ex-papa João Paulo II. Além disso, há suspeita de que Lugo tenha cometido estupro, o que ainda não foi comprovado.Tal comportamento, além de demonstrar total descompromisso com o voto de celibato feito quando Lugo ingressou no clero, expõe de forma crua a hipocrisia com que a hierarquia católica lida com a sexualidade. E como impõe e mantém uma dupla moral machista e indecente. Quando se trata de perseguir mulheres e homossexuais e condená-las/os a uma espécie de "cidadania de segunda classe", a hierarquia católica tem sido inflexível, dura e, às vezes, chega às raias da crueldade, como foi o caso da excomunhão proferida por um arcebispo no caso da menina de nove anos do Recife que sofreu aborto após ter sido violentada por seu padrasto. Dom José Sobrinho chegou a dizer que o aborto é pior do que o estupro, algo que choca tanto pela banalização e legitimação da violência sexual cometida contra mulheres e meninas, quanto pela falta de compaixão em nome de um apego a regras e princípios abstratos, totalmente desconectados da realidade cotidiana das e dos fiéis. Quando se trata de "falhas" cometidas pelos "santos" homens da Igreja, a reação é sempre muito leniente, até amorosa, para com os faltosos. Nestes casos, clama-se pelo perdão, como fizeram vários bispos brasileiros quanto aos "deslizes" de Lugo (clique aqui para ver as declarações). Afinal padres, cardeais, bispos, o papa, todos merecem perdão, pois são "apenas" seres humanos falíveis. Tal atitude, compassiva e indulgente, raramente se aplica a mulheres que abortam (mesmo as vítimas de estupro ou que correm risco de morte), a homossexuais que querem o reconhecimento de suas relações amorosas pela Igreja, a cientistas que pesquisam células-tronco embrionárias, pesquisas que podem salvar ou trazer dignidade para milhares de pessoas que sofrem com deficiências diversas. Para estas/es, a perseguição continua, renitente e implacável, com condenações públicas que se configuram como violência simbólica.Como católicas e feministas, queremos não apenas apontar esse enorme descompasso entre o que se prega no púlpito e o que se faz na vida cotidiana, mas exigir que tal comportamento seja efetiva e definitivamente banido da instituição. Chega de dupla moral. Chega de machismo e hipocrisia. Chega dessa violência simbólica que submete e mata. Ou a hierarquia católica elimina a regra do celibato obrigatório, imposição que para nós é anacrônica e indefensável, ou deve punir exemplarmente cada membro desviante do clero, para que não haja mais dois pesos e duas medidas. Como católicas e feministas, exigimos que casos de violência sexual cometida por padres e outros membros da hierarquia católica sejam punidos de forma transparente pela lei, sem mais transferências escusas de paróquia, sem pressão sobre as vítimas que denunciam, sem o acobertamento que expõe outras comunidades ao mesmo abusador. Como católicas e feministas, exigimos coerência. E compromisso com a vida de mulheres e crianças que são emaranhadas em casos escabrosos e ficam sem amparo legal ou social. Exigimos uma igreja que se importe de fato com suas e seus fiéis, não apenas com belos discursos e duras pregações, mas de fato, no cotidiano, com a certeza de que a impunidade deixará de reinar entre os poderosos homens da hierarquia.

Católicas pelo Direito de Decidir
http://www.catolicasonline.org.br/ 08 de maio de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

CORDEL:O PAPA E O ESTUPRADOR

I Peço à musa do improviso Que me dê inspiração,Ciência e sabedoria,Inteligência e razão,Peço que Deus que me proteja
II Para falar de uma igreja Que comete aberração.
II Pelas fogueiras que arderam No tempo da Inquisição,Pelas mulheres queimadas Sem apelo ou compaixão,Pensava que o Vaticano Tinha mudado de plano,Abolido a excomunhão.
III Mas o bispo Dom José,Um homem conservador,Tratou com impiedadeA vítima de um estuprador,Massacrada e abusada,Sofrida e violentada,Sem futuro e sem amor.
IV Depois que houve o estupro,A menina engravidou.Ela só tem nove anos,A Justiça autorizouQue a criança abortasseAntes que a vida brotasseUm fruto do desamor.
V O aborto, já previsto Na nossa legislação,Teve o apoio declarado Do ministro Temporão,Que é médico bom e zeloso,E mostrou ser corajoso Ao enfrentar a questão.
VI Além de excomungar O ministro Temporão,Dom José excomungou Da menina, sem razão,A mãe, a vó e a tia E se brincar puniriaAté a quarta geração.
VII É esquisito que a igreja,Que tanto prega o perdão,Resolva excomungar médicos Que cumpriram sua missão E num beco sem saída Livraram uma pobre vida Do fel da desilusão.
VIII Mas o mundo está virado E cheio de desatinos:Missa virou presepada,Tem dança até do pepino,Padre que usa bermuda,Deixando mulher buchuda E bolindo com os meninos.
IX Milhões morrendo de Aids:É grande a devastação,Mas a igreja acha bom Furunfar sem proteção E o padre prega na missa Que camisinha na lingüiça É uma coisa do Cão.
X E esta quem me contou Foi Lima do Camarão:Dom José excomungou A equipe de plantão,A família da menina E o ministro Temporão,Mas para o estuprador,Que por certo perdoou,O arcebispo reservouA vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa,é paraibano radicado em Brasília.